É ate natural dizer por aí de que os protestantes são aqueles que protestam contra a igreja católica romana e suas doutrinas. Tendo em vista o grande símbolo da Reforma ser o dia em que
Martinho Lutero afixou suas 95 teses na porta da catedral de Wittenberg,contradizendo objetivamente as indulgências praticadas pela igreja.
O protesto não foi exatamente contra a igreja católica romana, e sim
contra o império e a imposição da religião. Segundo o historiador Philip Schaff
diz que o protesto de Espira foi, “objetivamente, baseado na Palavra de
Deus, subjetivamente, sobre o direito particular de juízo e consciência
e, historicamente, sobre a decisão libertária da Dieta de 1526”. Não
foi, então, um protesto contra a igreja católica, mas contra a imposição
religiosa por parte do império e em defesa do direito de cada região
estabelecer a sua própria religião, em suma, a favor da liberdade
religiosa.
É verdade que na Europa do século 16 e até os dias de hoje, as igrejas
protestantes são um tanto ambivalentes no que se refere à liberdade
religiosa. Ora são perseguidas, ora são perseguidoras.
Mesmo assim, André Biéler, um pastor suíço e doutor em ciências
econômicas, escreve que o protestantismo é “um fermento revolucionário,
semente de liberdade que libera o homem dos conformismos religiosos,
sociais, e políticos e o encoraja a iniciativas benéficas que lhe sugere
o Evangelho.”
Fato é que os protestantes não protestaram exatamente contra a igreja
católica, mas contra a imposição religiosa do poder civil e em favor da
liberdade religiosa.
Hoje quinhentos anos depois é possível dizer que vivemos numa sociedade mais
religiosamente tolerante? Certamente houve muitos avanços. Embora o
protestantismo tenha encontrado no Brasil um campo cristão hostil,
sofrido perseguição, enterrado seus mártires, e, mesmo assim, se
consolidado com um projeto não só catequético como também social e
educacional, trazendo uma contribuição construtiva para a sociedade, se
calou e se acanhou muitas vezes quando deveria levantar a voz de seu
protesto. Atualmente, anda calado, exceto pelos embates polêmicos
populares em redes sociais. É preciso continuar protestando, não em
favor dos interesses particulares e estritamente morais ou religiosos,
mas em defesa de uma sociedade mais justa e igualitária.
Notas:
1. Boisset apud Klein, Carlos J. História e pensamento da Reforma. Londrina: Eduel, 2014, p. 41.
2. Schaff, Philip. History of the Christian Church. Vol VIII: Modern Christianity. The Swiss Reformation. Grand Rapids: Christian Classics Ethereal Library, 1998b, p. 548.
3. Schaff, 1998b, p. 154.
4. Schaff, Philip. History of the Christian Church. Vol VII: Modern Christianity. The German Reformation. Grand Rapids: Christian Classics Ethereal Library, 1998a, p. 43.
5. Biéler, A. A força dos protestantes. S. Paulo: Cultura Cristã, 1999, p. 37.
1. Boisset apud Klein, Carlos J. História e pensamento da Reforma. Londrina: Eduel, 2014, p. 41.
2. Schaff, Philip. History of the Christian Church. Vol VIII: Modern Christianity. The Swiss Reformation. Grand Rapids: Christian Classics Ethereal Library, 1998b, p. 548.
3. Schaff, 1998b, p. 154.
4. Schaff, Philip. History of the Christian Church. Vol VII: Modern Christianity. The German Reformation. Grand Rapids: Christian Classics Ethereal Library, 1998a, p. 43.
5. Biéler, A. A força dos protestantes. S. Paulo: Cultura Cristã, 1999, p. 37.
6. Revista Ultimato
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Todos comentários são bem vindos.
Porém, se o seu comentário,conter qualquer tipo de agressão, ofensa ou desrespeito para com a Instituição Igreja Universal, para com seus líderes ou para com o autor deste blog, removeremos seu comentário sem aviso prévio.
Desde já agradeço o comentário.
Que Deus nos oriente,na Fé!